Começamos as dicas de gestão financeira para arquitetos com um alerta: as finanças são a parte mais complexa da gestão empresarial!
Se você já está à frente de seu próprio negócio, provavelmente sabe do que estamos falando. Não é raro conhecer pessoas que não conseguem avaliar quanto recebem, quanto gastam ou que não entendam como podem avaliar a saúde financeira de sua organização. Caso você queira começar a empreender no ramo de arquitetura, sugerimos ter isso em mente, assim como as estratégias para administrar suas finanças de forma assertiva.
Depois de começarmos com o post de dicas para a gestão administrativa, nesta segunda parte, iremos cobrir situações financeiras comuns e que podem ser superadas. Esses pontos usualmente não são tratados com a devida importância pelos empreendedores.
Dica 01: Se você não é a sua empresa, por que as contas seriam as mesmas?
Presente em 10 entre 10 palestras sobre gestão financeira para arquitetos, a separação de contas Pessoa Física (PF) e Pessoa Jurídica (PJ) não soa mais como uma dica qualquer. Essa, que deveria ser a primeira tarefa de um empreendedor, acaba por se tornar o processo mais negligenciado em uma extensa lista de outras obrigações de cunho financeiro.
O tratamento diferenciado entre o que pertence ao sócio proprietário e o que pertence à empresa é um dos 6 princípios da contabilidade, chamado de Princípio da Entidade. O que pertence ao indivíduo deve ser tratado de forma diferenciada a aquilo que pertence à empresa. Isso é válido durante toda a sua trajetória de operação (e até depois da falência, sob um ponto de vista jurídico). Se não observarmos tal condição, será impossível separar o que pertence a um e o que pertence a outro, gerando confusão e imprecisão nos dados organizacionais. Esses dados são a principal matéria prima para posteriores análises financeiras.
Sendo assim, a constante confusão entre as contas tornará a simples tarefa de aferição de lucro ou prejuízo algo extremamente trabalhoso, e muitas vezes irreal. Além disso, a utilização de recebimentos da empresa para pagamentos de despesas pessoais amplia o erro no registro de caixa da organização. Tal fato poderá impactar o pagamento de despesas operacionais – aquelas vinculadas ao negócio – e impostos. Note que os erros financeiros na operação aumentam a possibilidade de dívidas por parte da organização, tornando situações já difíceis em ainda piores.
Dica 02: Saiba quanto vale o seu trabalho
Responda rápido: qual o seu tipo de precificação?
- Quanto maior o cliente, maior o preço
- Quanto mais desgosto da tarefa, maior o preço
- Falo um valor (geralmente em voz alta) e avalio a reação
- Todas acima
Se você respondeu alguma das alternativas acima, saiba que nenhuma delas confere uma alternativa saudável para precificação. Caso tenha assinalado a Alternativa 4, tenha calma, é possível reverter essa situação.
Uma precificação equivocada acarreta problemas em todos os lados de uma negociação entre cliente-fornecedor. Caso o produto/serviço seja precificado abaixo da linha ótima, despesas não serão cobertas e prejuízos aferidos. Caso o preço esteja acima da realidade, um gap de expectativa e realidade será aberto, e poderá espantar o possível cliente. Para solucionar esse problema é necessário compreender o preço do trabalho que será realizado, assimilá-lo a outros dados e assim formar o seu preço ideal.
A dificuldade de formação de preço é real e acomete diversos empresários por todo país. A maior parte dos indivíduos é capaz de levantar o fator tangível que será embutido no preço, como a matéria-prima, transporte – frete, por exemplo – ou alguma parte do processo que seja terceirizada. Mas, com certeza, o fator de maior discussão são os aspectos intangíveis do preço. Para se compreender tais fatores, podemos utilizar como exemplo o gasto com deslocamento. A gasolina, ou gasto com transporte de passageiros, é plenamente observável do ponto de vista do prestador de serviço, mas e o tempo gasto para que fosse possível ir ao local de destino? Nesse mesmo sentido, outro tipo de gasto bastante representativo é o gasto com retrabalho, que poderá acometer várias horas despendidas ao projeto, mas que poderiam estar sendo utilizadas de outra forma.
Além dos exemplos anteriores, existem outros aspectos importantes ao empreendedor, como aqueles vinculados ao mercado, notoriamente o posicionamento da marca e a expectativa de valor pelo serviço. Esses fatores são considerados fatores multiplicadores, uma vez que aumentam o valor a ser cobrado através da suposta qualidade intrínseca que estão sujeitos os produtos e/ou serviços comercializados por determinada organização.
Mas tenha calma, a elevação de preços dessa forma poderá acarretar em uma demanda menor, dada a capacidade de compra por parte do possível cliente. Além disso poderá inflacionar o mercado, criando uma barreira entre o seu negócio, seus concorrentes diretos e os possíveis clientes. Portanto, avalie com calma a elevação de preços por meio de fatores intrínsecos, e tenha sempre em mente a sua situação financeira de momento.
Em suma, para que exista a formação de um preço competitivo, é necessário equilibrar ambos fatores, tangíveis e intangíveis. É importante ter um orçamento competitivo, compreender quanto é efetivamente gasto para que o serviço seja executado em sua plenitude, além de consultar o mercado – incluindo concorrentes – para compreender quanto é cobrado por serviços semelhantes aos seus.
Dica 03: Compreenda seus prazos de recebimentos e prazos de pagamentos
As entradas e saídas de caixa são duas grandes dores de cabeça para os empreendedores em geral. No Brasil, 39% dos empreendedores iniciam um negócio sem compreender qual o capital de giro necessário para que sua operação ocorra. Os outros 42% não calculam o nível de vendas necessário para cobrir custos e gerar o lucro pretendido.
Se o prazo de recebimento não estiver em consonância com o prazo de pagamento, eventualmente o caixa da empresa será negativo. Isso impossibilita pagamentos de outras despesas, investimentos e o cumprimento de obrigações básicas.
Para que eles estejam sempre alinhados, é comum que datas limite sejam utilizadas, como uma data fixa comum para recebimento de vários clientes, e uma data fixa para pagamento de fornecedores. Utilizando um exemplo simples, imagine que você receberá o valor acordado de um projeto em 3 parcelas mensais de R$ 800,00; somando ao todo R$ 2.400,00. Entretanto, você necessita fazer o pagamento de um fornecedor no valor de R$ 1.000,00 à vista, logo após o fechamento da negociação. Ao fazermos a conta anterior, é possível constatar que seu caixa estará negativado em R$ 200,00 por algum tempo.
De início, esta parece uma conta simples. Mas, ao imaginarmos tal conta sendo multiplicada por um grande número de clientes e fornecedores, a situação se torna mais complexa. Além do mais, caso seja necessário a contratação de um empréstimo para o pagamento de despesas correntes, os juros começarão a fazer parte da equação e uma dívida grande poderá estar a caminho. É fundamental estar atento à gestão de caixa de seu empreendimento, algo que demanda tempo e bastante concentração!
Gestão Financeira para Arquitetos
Esperamos que estas dicas sejam úteis para uma melhor gestão financeira em sua organização. Seja você arquiteto e urbanista, designer ou gestor de um escritório de arquitetura, lembre-se desses 3 pontos em diversos momentos da jornada empreendedora. Eles podem te ajudar a alcançar grandes resultados!
SOBRE O AUTOR:
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